terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O HOMEM DA GALINHA

Carlão era um homem que trabalhava de pedreiro fazendo pequenos reparos nas casas do bairro. Certo dia, uma pessoa pediu a ele para consertar a calçada. Muito interessado no biscate, logo tomou o rumo do lugar e foi fazer o serviço. Trabalhou uma tarde e um dia inteirinho. Como pagamento pelo serviço levou uma galinha caipira bem gorda.
O homem tinha o costume de andar com as coisas debaixo do braço. A galinha não fugiu à regra. Tratou logo de colocá-la debaixo do braço e foi para casa. No caminho, resolveu parar no  buteco do Cardoso para tomar uma pinga. Já preparando-se para mais tarde cozinhar a galinha.
Entrou no buteco e pediu a bebida. Enquanto esperava o Cardoso serví-lo, uma mulher baixinha e de boca torta que estava sentada numa cadeira perto da parede, levantou-se e foi pedir uma pinga. Ela parou bem atrás do homem com a galinha debaixo do braço. Passou a mão nas penas da galinha, abriu a boca para fazer o pedido e ... a galinha levantou o rabo  espirrando cocô na boca da mulher. Com raiva, a mulher se afastou e saiu cuspindo e xingando o homem com a galinha.  Vendo isso o dono do bar falou:
- Você já comeu o tira gosto, agora toma aqui a sua pinga! 

Moral da história: Não fique perto de alguém com uma galinha debaixo do braço.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cheiro de churrasco

Segunda-feira é um dia parado para os donos de bares de copo sujo.Quase ninguém passa para tomar  uma logo cedo. Lógico, estão ainda atacados pela ressaca dos goles tomados no fim de semana.
Vieirinha, levanta mais tarde e só abre o bar lá pelas três da tarde e mesmo assim tem que esperar os fregueses largarem o serviço para começar o movimento.
Nesse dia ele abriu o buteco e deu uma varrindinha básica. Depois pegou uma panela de carne cozida na geladeira e colocou para esquentar. Acendeu o fogão, pegou uma cervejinha e sentou numa mesa do lado de fora.
Olha daqui e dali, conversa com um ou outro que passa e continua bebendo sua geladinha. Sente um cheiro de churrasco e olha para os lados, pra frente, levanta a cabeça para enchegar as casas vizinhas e nada ! Logo pensa:
- Que absurdo! Neguinho fazendo churrasco em plena segunda-feira enquanto os outros trabalham ... Só mesmo no Brasil!
Pegou a garrafa vazia e levantou-se para ir buscar outra. Quando vira de frente para a porta do buteco, avistou uma nuvem de fumaça que saia lá de dentro. Era o churrasco que alguém estava fazendo em plena segunda-feira ...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Na casa do vizinho

Marlene era empregada doméstica na casa de um casal de empresários na zona sul da cidade. Boa funcionária, mas tinha problemas com o álccol. Logo de manhã,  antes de sair para o trabalho, tomava uma dose da branquinha e dizia:
- Essa é para acordar!
Seguia o dia lavando, cozinhando, cuidando da casa. Sua companhia inseparável era um radinho de pilhas cuja a antena não funcionava nos dias de muito vento. Gostava de músicas e notícias policiais. Qualquer novidade, saia porta afora para contar a Vicencia, empregada da casa ao lado.
Toda sexta-feira a noite, dava uma passadinha no buteco do Zé Crioulo, onde a turma do pagode se reunia para tocar, dançar e tomar algumas.
Marlene bebia muito, mas não dava problemas para o marido, mesmo porque ele trabalhava até altas horas e já encontrava ela dormindo quando chegava em casa.
Numa destas sextas-feira, apareceu no buteco uma conterrânea da cunhada de Marlena. Elas começaram a conversar e ela não se deu conta de que tinha passado do seu limite. Só via o mundo girando ao seu redor e claro: perdeu o rumo de casa.
Marlene morava num conjunto habitacional com casinhas todas iguais. Do bar do Zé Crioulo até lá era um pulo. Escorando aqui e ali, ela chegou e empurrou o portão, tirou a chave da bolsa com muita dificuldade, abriu a porta e entrou.
Foi entrando e pensando no que via:
- Olha! O maridão mudou os móveis de lugar!!
Jogou a bolsa no sofá e foi para cozinha procurar comida. Não achou as panelas no fogão e imaginou que o marido também havia limpado a cozinha. 
Abriu a geladeira para ver o que ela podia usar para fazer um mexidão. Estranhou a abundância de alimentos e ficou na dúvida se ela tinha ou não feito compras de supermercado, mas como estava com fome foi logo fazer o tal mexidão.   
Com o barulho na cozinha, João Tutu, dono da casa, acordou. Estava dormindo e meio sonolento foi direto para lá:
- Aaaaaaaaaaaaaaaí!!! É um ladrão, meu Deus! Gritou Marlene.
- Nóóoóoóóoóo!!! Um ladra de ....  João Tutu começou a falar e nem terminou.
Ambos se reconheceram. Era o vizinho do lado. Marlene havia entrado na casa errada. E o mais incrível: conseguiu abrir a porta com a chave de sua casa.
Pediu desculpas ao dono da casa e foi se retirando sem graça, ainda vendo o mundo girar. Foi então que o João Tutu lhe disse:
- Já que começou a fazer um mexidão, termine! Eu também estou com fome. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A caixa de lixo

Aconteceu que o senhor Romeu foi ao mercadinho do bairro comprar umas coisinhas básicas para a abastecer a casa no final de semana. Já um tanto quanto cansado de subir o morro, parou na porta do boteco da Anja para descansar. Sentou-se no passeio e ficou pensando na vida.
Como já estava parado na porta do boteco, resolveu entrar e tomar uma pinga. Nada de mais se ele não tivesse esquecido a caixa com os  mantimentos no passeio.
Distraído, tomava uma e conversava ... pedia outra e conversava ... Para ajudar no que iria lhe acontecer a mulher que atendia o balcão era mole demais para dar conta do serviço e tudo ia correndo do jeito que a vida quer.
Era sábado, dia do caminhão de lixo passar naquela rua. Enquanto senhor Romeu bebia o caminhão passou e os lixeiros ia recolhendo tudo que viam pela frente.No passeio do boteco uma caixa pesada e sozinha foi o bastante para o homem que recolhia o lixo naquela manhã, pegá-la e jogá-la caminhão adentro.
Ouvindo o barulho, senhor Romeu olhou para fora e pôs a mão na cabeça.:
- Minhas compras não, seu filho da puta!
Mas era tarde. O caminhão desceu rua abaixo e lixeiro nem ouviu sua exclamação.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Juca machão

Aconteceu que os homens boca de cole do lugar estavam reunidos no bar do Careca. A movimentação de carros e pessoas que passavam vindo do trabalho era grande,  por isso todos se sentaram em torno de uma mesa meio enferrujada que estava no passeio. Tudo para ver de perto os que passavam.
Eram uns oito copos para uma mesa. quando as garrafas se esvaziavam  eram depositadas no centro. Em torno se embolavam as oito cadeiras que de certa forma incomodavam os pedestres. O papo era sobre mulheres desobedientes. O tagarela da turma era Juca, um homem magro, de cabelos ralos e altura exagerada.
Dizia ele:
- Lá em casa eu é quem mando. Se ela tá no portão eu faço entrar pra dentro. Se fala que vai sair eu digo que não pode. Se inventa comprar alguma coisa, eu não dou o dinheiro.
Todos ouviam admirados a valentia de Juca. Em tempos modernos ter uma mulher tão obediente. Conseguir controlar tudo de acordo com a sua vontade. Era um legitimo machão.  
E continuava:
- O controle da TV fica ma minha gaveta e ninguém usa. Lá em casa só pode ver canal de igreja, nada dessas novelas indecentes. Minhas filhas só namoram se o rapaz for pedir minha autorização. Agora o menino, quando crescer, quero que seja macho como o pai !!!
Nesse instante chega atrás de Juca sua mulher. Todos se calam. Ele não percebe porque está de costas para ela e de tão empolgado continua falando:
- Voces também podem dominar suas mulheres. É só fazer o mesmo que eu. Engrossa a voz e diz não. Se elas não respeitarem desce a chibata. kkkkkkkkk
A mulher leva um susto ao ouvir essas palavras , põe a mão na cintura e levanta a voz:
- Ah! !!! Então é aqui que você está! Passa já para casa. 
Ele se levanta, olha para o Careca e diz:
- Pendura mais essa aí.
Colocou o boné na cabeça e foi para casa.  

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O matador de Lombeira

Certo dia um homem entrou no boteco para tomar uma cachaça levando uma sacola com dois frangos assados. Vendo os embrulhos o dono do bar quis fazer uma brincadeira. Esperou o homem distrair e trocou um dos pacotes com  frango por outro de torresmos.
O homem bebia e conversava com os outros que estavam no balcão. Dizia ele que era do interior, de um lugar chamado Lombeira e não gostava de brincadeira nem levava desaforo para casa, que já tinha mandado muita gente dessa para melhor só de raiva das brincadeiras. Um típico valentão.
Ouvindo isso, o dono bar  foi ficando assustado porque havia trocado o frango pelos torresmos.
Nesse instante chegou um freguês conhecido, Carlim de dona Zefa, que passou para dentro do balcão. O dono do bar pediu a ele para guardar o embrulho que estava ali debaixo do balcão na cozinha e que chamasse o Tonhão, seu compadre que estava lá dentro para ficar com ele atendendo o balcão. Na verdade queria mesmo era alguém para ajudar caso o homem aprontasse alguma ali.
Carlim   faz-lhe o favor e volta da cozinha comendo uma coxa do frango, pois havia sentido o cheiro do assado e como já era de casa atreveu-se a tirar uma pedaço. Vendo isso o dono do bar começou a tremer de medo e chamou o compadre em voz alta.
Carlim, que comia a coxa do frango, despediu-se e foi embora com mais uns dois que estavam lá. Tonhão vendo que o bar estava vazio também procurou logo o  caminho de casa.
Vendo todos irem embora o homem pediu mais uma dose de pinga, pegou a sacola e foi saindo do boteco.
Ainda meio tremulo o dono do boteco aproveitou e baixou a porta para ninguém mais entrar. Arrumou as garrafas, lavou os copos e ajeitou as mesas para então fechar.
Levantou a porta e saiu. Quando ia preparando para abaixa-la olhou para o lado e avistou o homem vindo na direção do boteco com a sacola na mão. Ficou desesperado e pensando que ele havia descoberto a brincadeira e estava voltando para acertar as contas.
Desceu a porta rapidamente, mas ouviu um grito.
- Espera aí!!!
Achou que era o fim. O homem iria matá-lo.
Foi se aproximando e o dono do bar já não tinha mais onde tremer. Apontou-lhe o dedo e disse:
- Deixa eu beber mais uma ...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Correndo atrás do ladrão

Estava o boteco vazio na volta do dia, quando de repente ouviu-se uns gritos. Um homem agachado no chão entre o passeio e a parta do bar tentava recolher as notas de reais num desespero assustador.
Ao seu lado um grupo de homens perdidos entre o ato de recolher parte do dinheiro e o de dominar aquele ladrão. Recolher o dinheiro era ajudar a vitima, segurar o ladrão era fazer justiça.
Num ímpeto o homem desiste de parte do dinheiro espalhado no chão e sai em disparada rua a fora. Enquanto ele corre os comentários vão surgindo e aos poucos fica claro o ocorrido. Tratava-se de um assalto a uma moça que acabara de sair da agência bancaria do outro lado da rua. Ela sacou uma grande quantia e colocou no bolso, mas estava sendo monitorada pelo assaltante que esperou o momento em que ela atravessava a rua e sacou de uma mochila um revolver ordenando para que lhe entregasse o dinheiro e ela assim o fez.
Como estavam perto de um lugar movimentado, assim que o ladrão guardou a arma ela começou a gritar por socorro e alguns homens tentaram pegar o ladrão. Ao correr, na intenção de se abrigar no boteco, deixou o dinheiro que estava em suas mãos cair no chão e agora tentava se dar bem recolhendo as pressas.
Atrás do ladrão foram os homens que estavam no passeio e também os taxistas parados do outro lado no ponto. Todos a pé, correndo na esperança de dominarem o assaltante. Iam se aproximando cada vez mais quando o homem parou sacou a arma e disparou vários tiros para cima.
Nesse instante os que corriam valentemente pararam e voltaram correndo a mil por hora, deixando então o ladrão escapar.