quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Na casa do vizinho

Marlene era empregada doméstica na casa de um casal de empresários na zona sul da cidade. Boa funcionária, mas tinha problemas com o álccol. Logo de manhã,  antes de sair para o trabalho, tomava uma dose da branquinha e dizia:
- Essa é para acordar!
Seguia o dia lavando, cozinhando, cuidando da casa. Sua companhia inseparável era um radinho de pilhas cuja a antena não funcionava nos dias de muito vento. Gostava de músicas e notícias policiais. Qualquer novidade, saia porta afora para contar a Vicencia, empregada da casa ao lado.
Toda sexta-feira a noite, dava uma passadinha no buteco do Zé Crioulo, onde a turma do pagode se reunia para tocar, dançar e tomar algumas.
Marlene bebia muito, mas não dava problemas para o marido, mesmo porque ele trabalhava até altas horas e já encontrava ela dormindo quando chegava em casa.
Numa destas sextas-feira, apareceu no buteco uma conterrânea da cunhada de Marlena. Elas começaram a conversar e ela não se deu conta de que tinha passado do seu limite. Só via o mundo girando ao seu redor e claro: perdeu o rumo de casa.
Marlene morava num conjunto habitacional com casinhas todas iguais. Do bar do Zé Crioulo até lá era um pulo. Escorando aqui e ali, ela chegou e empurrou o portão, tirou a chave da bolsa com muita dificuldade, abriu a porta e entrou.
Foi entrando e pensando no que via:
- Olha! O maridão mudou os móveis de lugar!!
Jogou a bolsa no sofá e foi para cozinha procurar comida. Não achou as panelas no fogão e imaginou que o marido também havia limpado a cozinha. 
Abriu a geladeira para ver o que ela podia usar para fazer um mexidão. Estranhou a abundância de alimentos e ficou na dúvida se ela tinha ou não feito compras de supermercado, mas como estava com fome foi logo fazer o tal mexidão.   
Com o barulho na cozinha, João Tutu, dono da casa, acordou. Estava dormindo e meio sonolento foi direto para lá:
- Aaaaaaaaaaaaaaaí!!! É um ladrão, meu Deus! Gritou Marlene.
- Nóóoóoóóoóo!!! Um ladra de ....  João Tutu começou a falar e nem terminou.
Ambos se reconheceram. Era o vizinho do lado. Marlene havia entrado na casa errada. E o mais incrível: conseguiu abrir a porta com a chave de sua casa.
Pediu desculpas ao dono da casa e foi se retirando sem graça, ainda vendo o mundo girar. Foi então que o João Tutu lhe disse:
- Já que começou a fazer um mexidão, termine! Eu também estou com fome. 

Um comentário:

  1. ó, eu acho que ela tinha mesmo a chave da casa do Tutu hein huahsuahushau

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